Contos Campestres

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__Ó que foda deliciosa! Agora não aguento mais... Por que a fraqueza sucede a tão fortes sensações a tão gostosas paixões? - E assim, de adiamento em adiamento, "Se o tempo tem de se acabar, podemos descrevê-lo, instante a instante - pensa Palomar - e cada instante, ao ser descrito, dilata-se tanto que deixa de se lhe ver o fim. " Decide que se vai pôr a foder cada instante da sua vida e que, enquanto não os tiver descrito a todos, deixará de pensar que está morto. Naquele momento morre. Todas choram a sua volta ao ver o senhor Palomar morto, a viúva em homenagem decide que as jovens dormiram com o consolo no cu.

Àquela noite chega-se ao momento em que será o tempo a gastar-se e a extinguir-se num véu vazio, quando o último suporte material da memória do viver se tiver degradado numa lavareda de calor, ou tiver cristalizado os seus átomos de uma ordem imóvel.

A tempestade continuava desencadeada, com toda a sua fúria, quando Palomar se viu finalmente atravessando o velho caminho pavimentado. De repente, surgiu ao longo do caminho uma luz estranha, e retornou para ver donde poderia ter saído uma claridade tão insólita, pois atrás dele só havia a mansão com suas sombras. O resplendor vinha de uma lua no ocaso grande e cor de sangue, que agora brilhava vivamente através daquela fenda antes apenas perceptível, da qual lhe disse que se estendia desde o telhado do edifício, fazendo ziguezague, até ao alicerce. Enquanto olhava, esta fenda rapidamente se alargou -- houve uma rajada mais impetuosa da ventania -- o globo inteiro do satélite invadiu de repente o campo de visão -- cérebro sofreu um como desfalecimento quando viu que as grossas paredes ruíam, despedaçando-se -- houve um longo e tumultuoso estrondo, com mil vozes de água -- e a profunda e sombria lagoa aos seus pés fechou-se funebremente por sobre os destroços. No dia seguinte ele é jogado no mesmo poço do jardineiro.

Passava um pouco do meio-dia quando, sob nuvens baixas, eu desembarquei solitária na estação de Driffield, um vilarejo no condado de York Shire. Dentro de meu campo de vista as únicas coisas a gozarem de um sopro de vida eram um pônei atrelado a uma carroça e um velho dormitando em seu banco. Mas seria sinal de vida?

— Senhor?... — O pônei entreabriu apenas um olho em minha direção. Voltei a chamar o carroceiro e consegui apenas ouvir por parte do animal um relinchar irritado que teria acordado até aos mortos. Como o velho nem se mexera, puxei-o pela manga: — Meu senhor!

Desta feita foi apenas um olho humano que se entreabriu em minha direção.

— Posso contratar uma viagem? — consegui dizer, feliz em que não estivesse me dirigindo a um defunto. O olho cinzento passou a piscar até ser acompanhado pelo segundo. Houve um panificar que lembrava os roncos de um vulcão e, numa língua parecia ser o inglês de minha terra, ouvi:

— Vai para Fanshawe?

— Oh, sim!

— Ali n... Então deve ser você quem vim buscar...

— Oh, meu nome é Jenny.

Deve ser a tal. Suba... — E estendeu o braço para apanhar minha maleta de roupas. Subi na carreta de duas rodas, pela traseira, e imediatamente tomamos estrada.

Nós saídos da vila e a estrada transformou-se num caminho crivo que serpenteava por entre baixas colinas. O céu se tornava cada vez mais plúmbeo e a paisagem se resolvia em tonalidades gris — sem vida, sem cores. Comecei a cantarolar uma melodia a ver se me animava.

Antes que tivéssemos cruzado dois quilômetros o condutor baixou a cabeça sobre o peito e entregou-se, de novo, aos braços de Morfeu. Seu roncar ressonante fazia contraponto ao ranger rodas no eixo e o sussurro melancólico do vento enregelante.

Levantei a gola de meu casaco leve, por certo escolhido para outra intempérie, e não ao agreste maio. Quando atingimos o cimo dava uma colina percebi que a estrada se desenrolava até o horizonte, sem nenhum sinal de habitação humana. Nosso destino estava perdido no além.

Duas horas se passaram até que o sol surgisse. Na distância percebi uma casa marcada pelo farol de uma acinzentada fumaça que se erguia nos céus. Era uma mansão de estilo georgiano, de considerável proporção, que emergia de jardins esmeralda corridos por um regato.

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